Mito: “Água de osmose é muito cara e desperdiça demais, não compensa.” – Aí depende da escala e prioridade. De fato, sistemas RO residenciais desperdiçam cerca de 3–4 L de água de rejeito para cada 1 L de água pura produzida (relação 3:1 ou 4:1). Em locais com escassez hídrica ou água cara, isso preocupa. Porém, essa “água perdida” pode ser aproveitada para lavar roupas, regar jardim, limpeza doméstica, etc., minimizando o desperdício real. Quanto ao custo: um sistema RO básico custa algumas centenas de reais e os refis (membrana anual ou bienal, pré-filtros semestrais) também têm custo – diluído ao longo do volume produzido, costuma sair centavos por litro. Por exemplo, se um refil de R$100 filtra 2000 litros, são R$0,05/L. Comprar água mineral às vezes sai mais caro (galão 20L ~ R$15 → R$0,75/L). Então para quem tem aquário médio/grande e precisa de água de baixa dureza, a osmose pode compensar financeiramente a médio prazo.
Verdade: Osmose reverte mesmo as condições mais adversas – ela consegue tornar potável uma água salobra ou salina (dessalinização), consegue remover até poluentes industriais. Mas atenção: não confunda filtro de osmose com purificador comum. Aquários marinhos e de alto padrão requerem RO/DI, pois purificadores de carvão/resina simples não atingem o mesmo nível de pureza.
Uso correto da água RO/DI: Nunca utilize essa água “zero” diretamente no aquário sem prepará-la. O correto é remineralizar conforme o tipo de aquário: existem blends comerciais de sais (ex.: Seachem Equilibrium para GH em plantados, Seachem Alkaline/Acid Buffers para KH, Salty Shrimp GH+ para camarões, produtos para ciclídeos africanos, etc.). Você também pode remineralizar de forma caseira calculando quantidades de sais de farmácia/jardim (sulfato de magnésio, bicarbonato de sódio, cloreto de cálcio, etc.) – mas isso exige conhecimento para não desequilibrar relação iônica. Uma abordagem comum é misturar certa porcentagem da água da torneira com a de RO, conseguindo um meio-termo. Exemplo: sua torneira tem GH 12, KH 10; você quer GH 6, KH 5 – misturar meio a meio torneira e RO atingirá aproximadamente esse valor. Essa técnica de blend poupa sais e ainda reintroduz alguns oligoelementos naturais da torneira. Porém, se a torneira contiver nitrato ou outros indesejáveis, essa mistura reintroduz um pouco deles – avalie o trade-off. Em aquários plantados, muitos aquaristas preferem usar RO pura e adicionar apenas GH (sem KH), mantendo KH ~0–1 para permitir pH baixo com CO₂; isso demanda atenção redobrada para evitar quedas bruscas de pH (o famoso pH crash). Já criadores de peixes mole usavam muito essa técnica pré-RO: turfa + água mole + pouca troca, para pH <6. Hoje com RO consegue-se água mole sem taninos, e pode-se adicionar um pH buffer específico se quiser certa alcalinidade. Resumindo: a água de osmose é uma matéria-prima – você molda ela conforme a necessidade.
Fluxo de decisão – torneira vs. mineral vs. RO:
Tomar a decisão de investir em um RO ou não depende da análise da sua água e requisitos. Podemos pensar num fluxo simplificado:
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Minha água de torneira atende aos parâmetros do meu aquário? Se sim, use torneira tratada – é barato e prático. Talvez pequenas correções (ex.: adicionar um pouquinho de sais se for mole demais, ou misturar com mineral se for muito ácida) bastem. Muitos peixes se adaptam à água de torneira comum se estiver dentro de um intervalo razoável.
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